A CASA DE POEIRA
Havia este homem que vivia numa casa às escuras. Na casa a penumbra era total, apesar das cortinas nas janelas que filtram a luz que vem do exterior. O interior está iluminado pela luz de uma televisão. Esta provoca sombras nas cortinas e, em conjunto com a luz, que persiste entrar do exterior, configura uma imagem irreal de uma árvore abanando ao vento. Esta imagem, esta luz, é tudo o que o homem conhece. É a sua realidade. Dentro da casa existe um espelho oculto nas sombras. Todos os dias o homem passa por ele, olha para ele, no entanto, não repara verdadeiramente nele. A escuridão oculta a imagem poeirenta do espelho. A escuridão oculta toda a poeira existente na casa. Em toda a casa. Sobre as mobílias. No chão. Nos tapetes. O próprio casaco do homem está coberto de uma enorme camada de poeira. O chapéu também. O cabelo também. Tudo parece estar coberto de uma imensa camada de poeira branca. Como um pano branco que envolve todo o seu rosto e cabeça, atrofiando / ocultando os o